A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
Esta alternativa não está correta. Nietzsche enfatiza a busca por uma causa primeira racional, enquanto a expressão "usar metáforas" sugere uma abordagem menos racional ou científica, o que não está alinhado com a busca filosófica descrita no texto, que fala de propor uma explicação direta sem recurso a imagens ou fabulações.
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O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
Essa alternativa está incorreta. Nietzsche destaca que a filosofia grega buscava uma justificativa racional para a origem das coisas e não apenas transformar elementos sensíveis em verdades racionais. A proposição sobre a água de Tales de Mileto não visa transformar elementos sensíveis em verdades, mas sim identificar um princípio unificador e racional para o cosmos.
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A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
Esta alternativa está incorreta. Nietzsche fala sobre a unidade das coisas ao referir-se à proposição de Tales, "Tudo é um", sugerindo que a filosofia grega estava mais preocupada em buscar a unidade e a origem comum das coisas, em vez de separar e destacar as diferenças entre elas.
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A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
Esta alternativa não está correta. Embora a proposta de Tales se relacione com observações empíricas, Nietzsche está se referindo à busca filosófica de um princípio racional subjacente ao real, não à mera justificação empírica. A questão de Nietzsche ressalta o caráter intelectual e filosófico dessa busca, e não apenas uma tentativa de justificar empiricamente o que existe no real.
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A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
Essa alternativa está correta. Nietzsche argumenta que o surgimento da filosofia entre os gregos se caracteriza pela busca racional pela causa primeira, ou origem, de todas as coisas. Esse é exatamente o caso quando fala sobre a água como princípio inicial para Tales, que tenta encontrar uma explicação racional para a origem do cosmos.
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A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim se dissolvem. Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando ela a mesma.
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
O texto aristotélico, ao recorrer à cosmogonia dos pré-socráticos, salienta a preocupação desses filósofos com a
transformação progressiva da ascese.
Essa alternativa está incorreta. "Transformação progressiva da ascese" não se aplica ao texto ou aos interesses dos pré-socráticos que Aristóteles descreve. A ascese refere-se a práticas de autonegação para crescimento espiritual, e os filósofos pré-socráticos estavam focados mais na compreensão e explicação naturalista do mundo físico, das substâncias e fenômenos do universo, não em práticas espirituais.
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sistematização crítica do conhecimento.
Essa alternativa está incorreta. "Sistematização crítica do conhecimento" poderia se relacionar mais com as preocupações filosóficas dos períodos posteriores, como Sócrates, Platão e Aristóteles, que buscaram métodos críticos e sistemáticos para entender a realidade. Os pré-socráticos estavam mais interessados nos princípios materiais do universo e suas transformações, não necessariamente na sistematização crítica do conhecimento.
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alteração estética das condutas.
Essa alternativa está incorreta. "Alteração estética das condutas" não é o foco dos primeiros filósofos, como explicado por Aristóteles. A estética (o estudo da beleza e da arte) e as condutas (formas de agir) não eram o centro das preocupações dos pré-socráticos. Eles estavam mais interessados na compreensão dos princípios fundamentais do universo, os elementos constitutivos e permanentes da realidade. Não era uma questão de estética ou comportamento, mas de entendimento da essência das coisas.
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mutação ontológica dos entes.
Essa alternativa está correta. "Mutação ontológica dos entes" refere-se à mudança na substância ou na natureza das coisas, algo que os primeiros filósofos pré-socráticos estavam muito interessados em compreender. Eles queriam saber de que tudo é feito, o que muda e o que permanece ao longo do tempo. Aristóteles menciona que esses filósofos buscavam algo que fosse a origem de todas as coisas, uma "natureza qualquer" que continuasse a mesma, mesmo que outras coisas mudassem. Isso é um foco claro na ontologia, que é o estudo do ser e da existência.
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modificação imediata da espiritualidade.
Essa alternativa está incorreta. "Modificação imediata da espiritualidade" não é o que o texto menciona sobre os pré-socráticos. O enfoque desses filósofos, segundo Aristóteles, era entender a natureza material e os princípios constitutivos de tudo que existe. Eles não estavam tão focados em questões espirituais ou em mudanças imediatas nessas áreas, mas sim na busca de entendimento sobre os elementos permanentes e imutáveis do universo físico.
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A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem, mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de came e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura. HEGEL, G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.) Os pré-socráticos: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural, 2000 (adaptado)
O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)
Número, que fundamenta a criação dos deuses.
Essa alternativa está incorreta. Embora o conceito de número tenha sido importante para outros filósofos pré-socráticos, como Pitágoras, ele não é o foco do pensamento de Demócrito. Demócrito estava mais preocupado com a ideia de átomos como os fundamentos do universo material, e não com números ou a fundação de deuses.
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Imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.
Essa alternativa está incorreta. O conceito de imobilidade está mais associado a Parmênides, que argumentava que o ser verdadeiro era único, imóvel e eterno, em contraste com Demócrito que considerava o movimento dos átomos no vazio como essencial para explicar a realidade dinâmica e diversa que observamos. Demócrito via o mundo como constituído por átomos em movimento constante, não em imobilidade.
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Devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.
Essa alternativa está incorreta. O conceito de devir, que é o princípio do eterno movimento e mudança, é mais associado a Heráclito do que a Demócrito. Demócrito e Leucipo falaram sobre o movimento dos átomos no vácuo, mas sua atenção estava nos átomos como unidades básicas da matéria, não no devir enquanto transformação constante do ser.
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Água, que expressa a causa material da origem do universo.
Essa alternativa está incorreta. A água como princípio primordial é uma tese de Tales de Mileto, não de Demócrito. Demócrito defendia que tudo era composto por átomos, não por nenhum dos quatro elementos clássicos como água, ar, terra ou fogo.
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Átomo, que explica o surgimento dos entes.
Essa alternativa está correta. Demócrito é famoso por sua teoria atomista, que sugere que a realidade é composta de átomos, pequenas partículas indivisíveis e imutáveis, que se combinam para formar tudo o que existe. Segundo ele, o "princípio constitutivo das coisas" são os átomos, que através de suas diferentes combinações explicam a diversidade dos entes no mundo.
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TEXTO I
Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcança duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne. HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza) São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado). TEXTO II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se? PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das
investigações do pensamento sistemático.
Esta alternativa não está correta. O pensamento sistemático é uma abordagem estruturada e metódica que ficou mais evidente em filósofos posteriores como Platão e Aristóteles. Os pré-socráticos, embora tenham dado início às investigações racionais sobre o ser e o mundo, ainda não desenvolviam seus pensamentos de forma sistemática no sentido que se atribui posteriormente. Além disso, a oposição nos textos de Heráclito e Parmênides refere-se a questões sobre a mudança e a permanência, temas que são tratados na ontologia, não em métodos sistematizados específicos.
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discussões de base ontológica.
Esta alternativa está correta. A ontologia é a área da filosofia que se dedica ao estudo do ser e da existência. Os fragmentos de Heráclito e Parmênides ilustram duas visões opostas sobre o ser e a mudança. Heráclito fala sobre o constante fluxo e transformação das coisas (a mudança), enquanto Parmênides defende a ideia de que o ser é permanente e imutável (a permanência). Essa oposição de ideias está inserida nos problemas ontológicos que buscam entender a natureza do ser.
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habilidade da retórica sofística.
Esta alternativa está incorreta. A retórica sofística refere-se à arte da argumentação e persuasão que foi desenvolvida principalmente pelos sofistas na Grécia Antiga. Heráclito e Parmênides não estavam envolvidos na habilidade de persuadir ou argumentar de maneira retórica; em vez disso, estavam mais preocupados em entender e explicar a natureza da realidade, do ser e da mudança. Seus textos não tratam da prática retórica, mas de conceitos filosóficos profundos.
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verdades do mundo sensível.
Esta alternativa está incorreta. O "mundo sensível" é uma expressão frequentemente associada a Platão, que fazia a distinção entre o mundo das ideias (inteligível) e o mundo sensível (observável pelos nossos sentidos, mas enganador e em constante transformação). Os fragmentos de Heráclito e Parmênides tratam de questões sobre a natureza do ser, a mudança e a permanência que vão além do engajamento com a mera observação sensível do mundo. Eles estão mais preocupados com a natureza fundamental da realidade do que com as verdades empíricas observáveis.
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preocupações do período mitológico.
Esta alternativa está incorreta. O período mitológico refere-se a uma era anterior aos filósofos pré-socráticos, na qual explicações sobre o mundo e a existência eram dadas por meio de mitos e histórias de deuses e heróis. Tanto Heráclito quanto Parmênides estão entre os pensadores que começaram a afastar-se dessas explicações míticas, buscando compreensões mais racionais e filosóficas da realidade. Portanto, seus fragmentos não se inserem principalmente nas preocupações do período mitológico, mas sim em discussões filosóficas mais avançadas.
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TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transformase em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
postulavam um princípio originário para o mundo.
Esta é a alternativa correta. Ambas as teses de Anaxímenes e Basílio Magno buscam encontrar um princípio originário que explique a existência e a formação do universo. Anaxímenes propõe o ar como elemento fundamental, enquanto Basílio Magno postula Deus como o criador e princípio de todas as coisas. Assim, apesar de suas diferenças, ambas as teorias buscam um princípio originário para o mundo.
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eram baseadas nas ciências da natureza.
Essa alternativa está incorreta. Apesar de Anaxímenes realmente utilizar observações sobre a natureza para desenvolver sua teoria (como a transformação do ar em diferentes substâncias), a fundamentação teórica de Basílio Magno não se baseia nas ciências da natureza, mas sim na religião e teologia, fato que afasta a possibilidade de ambos os filosofos terem em comum essa fundamentação.
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defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
Essa alternativa está incorreta. Apenas Basílio Magno defende que Deus é o princípio de todas as coisas. Anaxímenes, ao contrário, propõe o ar como o elemento fundamental que dá origem a tudo no universo. Portanto, a defesa do princípio divino não é uma fundamentação comum às duas teorias.
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tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
Esta alternativa está incorreta. Embora tanto Anaxímenes quanto Basílio vivam em tempos onde o mito tinha importância, suas propostas são de busca racional por explicações para a origem do mundo, afastando-se de explicações míticas. Eles procuram substituir os mitos antigos por princípios racionais, cada qual a seu modo: Anaxímenes pelo ar e Basílio por Deus.
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refutavam as teorias de filósofos da religião.
Essa alternativa está incorreta. Nenhum dos dois filósofos menciona explicitamente a refutação das teorias dos filósofos da religião. Na verdade, Basílio Magno, sendo um filósofo medieval cristão, está mais alinhado com os conceitos religiosos em sua teoria. Portanto, essa característica não é comum às teorias de Anaxímenes e de Basílio.
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